Miguel Arraes, ex-governador de Pernambuco pelo PSB e avô de Eduardo
Campos também ex-governador de
Pernambuco pelo PSB tiveram um encontro no dia 13 de agosto de 2014. Miguel
Arraes havia partido antes, no dia 13 de agosto de 2005 após uma longa vida
publica construída com base nos ideários de esquerda. Imagina os dois agora num
outro plano conversando sobre a atual conjuntura politica no Brasil.
Arraes: Olha meu neto, a salada de frutas que virou o processo
eleitoral no Brasil. O Romário foi
eleito pelo PSB numa coligação com o PT e agora declarou apoio ao Aécio, o Roberto
Amaral largou a presidência do PSB por não concordar com apoio do partido ao Aécio,
a Marina está no PSB, mas fala pela Rede que decidiu apoiar Aécio e voltou atrás,
a Renata sua esposa também declarou apoio ao tucano, Marília Arraes, minha
querida neta, foi contra apoiar o tucano
e declarou apoio a Dilma dizendo ser um
erro da direção. Disse que o partido esta dando uma guinada a direita, sugerindo
inclusive que o PSB esqueceu o “S” de socialismo. Lembra o que eu disse em
1998 que “ O Socialismo não precisa ser redefinido. O
Socialismo é fruto das contradições da sociedade?.” O Brasil é dividido em cinco classes sociais e
o Aécio representa os interesses da classe “A”, . Lula e Dilma foram os únicos
que criaram politicas publicas para tentar diminuir estas contradições,
enquanto nos governos tucanos as contradições se acentuaram. Acho que além de prestar atenção nisso, os
brasileiros deveriam prestar atenção na origem e na história dos dois
candidatos. Esse Aécio não conhece a
fome. Enquanto na juventude a Dilma lutava contra a ditadura, o pai do
Aécio apoiava a ditadura, era deputado
pela ARENA partido dos militares. Enquanto Dilma estava presa e sendo
torturada, Aécio pegava onda nas praias do Rio de Janeiro. Você acha que fez a
coisa certa dividir a esquerda com sua candidatura a presidência?
Campos: vô, eu queria ser presidente. Fiquei pensando; se a Dilma for reeleita e o
Lula voltar em 2018, quando é que eu vou ter a chance de ser presidente? Eu
quero lutar pela estabilidade.
Arraes: meu amado neto, esse papo de estabilidade é coisa de tucano e Mirian Leitão, "A estabilidade que nós queremos é a que permite
reformular de modo construtivo os rumos do país, abrindo caminho para a
consolidação de uma nação onde brasileiros não sejam tratados como
estrangeiros, separados pelo fosso de vergonha entre os que comem três vezes ao
dia e os que nada comem". (1995). Você viu as declarações do FHC? É assim que eles enxergam os pobres.
Campos: é vô, eu também estou surpreso com o que o Fernando
Henrique está dizendo dos eleitores do PT, que eles são pobres e ignorantes. Viu
como ascendeu o preconceito com os nordestinos? Falam até em separar o nordeste
do restante do Brasil. Acho que eles não viram as obras do PT no Nordeste para diminuir os impactos da falta de água que sempre foi um problema para os nordestinos.
Arraes: "A seca é um problema que agrava as
necessidades nordestinas. Mas não queremos ser tidos como coisa à parte, como
gente que se atrasou, um apêndice da nação. Nós somos parte da nação".
(1983).
Campos: É vô parece que as privatizações do FHC também está voltando ao debate..
Arraes: "Privatizar por
privatizar significa não apenas alienar o patrimônio público por preços
irrisórios, mas abandonar qualquer plano coerente de crescimento". (1991).
Campos: mas o Aécio está com um discurso novo.
Arraes: "Itamar
[Franco], quando senador, tinha um discurso nacionalista e sempre adotou essa
postura. Mas, como vice-presidente de Fernando Collor, não barrou o processo de
privatização. Estava amarrado a ele". (1998)
Campos: vô, já estão comparando o
Aécio ao Juscelino. Já tentaram fazer o mesmo com FHC lembra?
Arraes: é meu neto, "Ele não
parece em nada com o Juscelino, mas com o Dutra, assessorado pelos americanos.
Juscelino se levantou contra o FMI e Prestes foi ao Palácio se solidarizar com
ele. Quando a gente vai se solidarizar com FHC por se opor ao FMI?" ( 2001).
Campos: pelo que o senhor fala, o PT
está no caminho certo. Nem estatizou nada e nem privatizou nada durante seu
governo.
Arraes: "Não defendemos nem um
Estado mínimo nem máximo. Defendemos e lutamos isso sim, por um Estado que, a
partir de suas peculiaridades, cumpra suas finalidades públicas". (1991)
Campos: e a estabilidade econômica? a
Mirian Leitão disse que a inflação está voltando.
Arraes: meu querido neto, "Estabilidade
total só existe na morte e nós não queremos morrer, queremos sobreviver".
(1995)