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A PIMENTA BUENO – OS BURACOS VISÍVEIS E OS INVISÍVEIS


Acabo de fazer um Tour por Pimenta Bueno a bordo do IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e não gostei do que vi. Nosso município tem alguns buracos a vista, mas temos outros invisíveis tão perigosos quanto estes que enfeitam a nossa cidade.

Diz o IBGE que Pimenta Bueno é um município de Rondônia com 6.234 km² de área territorial e população estimada em 36.434 habitantes em 2018.  Viajando pelas páginas do IBGE Cidades, vimos que em 2016 havia 9.216 pessoas ocupadas, representando 24,45% da sua força de trabalho ativa. A média salarial da nossa massa trabalhadora era de em média 1,8 salários mínimos. Por si só, este dado coloca Pimenta Bueno na base da pirâmide social, a classe “E”, que segundo a classificação do IPEA, é formada pelos que ganham até 2 salários mínimos.  Mas a situação fica ainda mais grave quando se constata que em 2010, 32,9% da população sobrevivia com renda igual ou inferior a ½ salários mínimos.  Um novo levantamento realizado pelo IBGE em 2016 e amplamente divulgado pelos grandes jornais, afirma que a miséria aumentou nos últimos dois anos em cerca 53%, devolvendo 8,6 milhões de brasileiros à pobreza extrema. Em Pimenta Bueno certamente não foi diferente e o que já estava ruim deve ter ficado pior neste mesmo período.

 Em 2014 a taxa de mortalidade infantil no município era de 24 óbitos por cada mil crianças nascidas vivas. Este dado colocou Pimenta Bueno entre os 10 municípios com maior taxa de mortalidade infantil em Rondônia, ficamos também entre os 10 primeiros colocados com maior taxa de internações por diarreia.  No mesmo ano, constatou-se, que apenas 10,7% dos domicílios urbanos em vias públicas contava com urbanização adequada (presença de bueiros, calçadas, pavimentação e meio fio).

No aspecto economico, Pimenta Bueno sobe para o 8º lugar entre os municípios  com maior PIB do estado, ficando atrás apenas da capital Porto Velho, Ji-Paraná, Ariquemes, Vilhena, Cacoal, Rolim de Moura e Jaru, mas cai para 24º colocação em termos de renda média mensal. Como já foi dito aqui ,  a média salarial no município não chega a 02 salários mínimos.

Os buracos nas ruas e nas estradas vicinais são reflexos dos buracos nas contas públicas consequência dos buracos na camada mais pobre da população que nos últimos dois anos viu sua renda encolher ainda mais enquanto o custo de vida não parava de subir, com aumento no preço do gás de cozinha e na sexta básica. 

O Executivo Municipal projetou para 2019 uma receita estimada em R$ 98.040.043,00. Menos de 20% deste montante é de receita própria. Ou seja, 80,60% são provenientes de fontes externas que mostra que Pimenta Bueno ainda não é um município   sustentável. É importante dizer que 99% desta receita já está comprometida com despesas, parcelamento de dívidas anteriores, serviços e materiais de expediente. A divida consolidada passa de 18 milhões de reais levando a cada ano cerca de 2,6 milhões em amortizações. 

 2018 era pra ser o segundo ano de mandato da prefeita Juliana Roque, eleita em 2016 numa disputa apertada com Jean Mendonça, candidato à reeleição naquele ano. Em setembro, Juliana acabou sendo substituída por Paulo Adail, à época, presidente da Câmara Municipal que renunciou ao mandato pouco antes de completar 60 dias no cargo, sendo substituído por Sostenes Silva, que tocou o mandato até a posse do delegado Arismar Araújo, eleito em eleições complementares para o biênio 2019 – 2020.  Por tudo isso, Pimenta Bueno vai passar pela a experiencia de ser administrada por quatro prefeitos em consecutivos em quatro anos.

 A descontinuidade dos sucessivos mandatos pode ter provocado um trauma de longa duração no município, com consequência para o planejamento, canalização de recursos externos e implantação de projetos vitais para a população como, aterro sanitário, pavimentação asfáltica e urbanização.
 A falta de recursos financeiros, no entanto, não é o único problema do município, a gestão municipal tem tido dificuldades também de realizações. Planejamento, projetos e prestação de contas podem estar entre os motivos da dificuldade em liberar convênios e emendas disponibilizadas no orçamento do governo federal e estadual que acaba não se concretizando. 

Outro problema muito conhecido da população, são as obras quando realizadas, que são de baixíssima qualidade, gerando transtornos e onerando ainda mais os cofres do município com manutenção que se repete a cada ano.

Como diz o ditado popular, o buraco é mais embaixo. 

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