Fonte: Estadão Conteúdo: Publicado em 07/02/2017
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Shelia Fedrick notou que algo estava errado no voo de Seattle para San Francisco, nos EUA, ao notar que um senhor muito bem vestido viajava com uma garota de cerca de 15 anos de idade, vestida de forma bem simples e que não aparentava estar bem.
A comissária de bordo tentou puxar conversa com os dois, mas o homem se tornou defensivo e respondeu todas as perguntas pela menina. Então, a profissional conseguiu sussurrar para a que a adolescente fosse ao banheiro e lá deixou um bilhete.
A garota escreveu no próprio papel que precisava de ajuda. A funcionária da Alaska Airlines avisou ao piloto e quando o avião aterrissou a polícia estava no terminal de desembarque. A menina, que não teve seu nome revelado, estava sofrendo um caso de tráfico humano. "Parecia que a menina estava passando por um inferno", disse Fedrick à NBC News.
Embora seja desumano, é lamentável que casos de tráfico de pessoas ainda ocorram pelo mundo. Além das tipificações penais, existem outras situações. No ano de 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente estabeleceu como crime, em seu artigo 239, a promoção ou auxílio à efetivação de ato destinado ao envio de criança ou adolescente para fora do país sem observar as formalidades legais ou com o objetivo lucrativo. A pena estabelecida é privativa de liberdade de quatro até seis anos, com multa. Fato é que o tráfico de seres humanos, para fins deexploração sexual e comercial, continua na atualidade assolando milhares de pessoas no mundo, vitimadas por políticas econômicas que as mantém em condição de pobreza, de desemprego, de subcondição de vida e existência e, alijadas de proteção e de seus direitos fundamentais. O problema do tráfico de pessoas deve ser abordado com base na ética da vida.
A dignidade do ser humano não é quantificável, não diminui ou aumenta em decorrência de fatores externos ou internos. Independentemente de seu status ou utilidade social e, até mesmo, de sua moralidade, o ser humano é portador de uma dignidade inalienável e única. Não há pessoas com mais “dignidade humana” que outras. Daqui decorre também a unicidade de cada ser humano que não pode ser trocado ou substituído com outro da “mesma dignidade”, assim como fazemos com os objetos que possuem o mesmo preço. A Ética nos mostra que cada ser humano é único e insubstituível, pois não é uma coisa ou um objeto.