Se a minha avó estivesse viva, certamente ela se valeria das profecias bíblicas para justificar ou explicar a atual conjuntura política e econômica pela qual passa o Brasil. Era assim na idade média, quando o clero era signatário de parte dos privilégios concedidos a nobreza e a realeza. Para se garantir ao lado de quem detinha o poder, era necessário convencer o povo que todo o sofrimento imposto pelo sistema era da vontade de Deus.
Deus era extremamente tolerante com os ricos e radicalmente severo com pobres e miseráveis, pecadores daquela época. Poucos foram os que deram ouvidos as advertências de Jesus: “ é mais fácil passar um camelo no fundo de uma agulha do que um rico se salvar”. Ao encontrar o jovem rico, disse: “ Se queres se salvar, venda tudo que tem, distribua aos pobres e terás um tesouro no Céu”. Veja porem, que é histórica a postura da classe dominante de impor sacrifício aos pequenos para manter os privilégios aos grandes.
O Jornal Folha de São Paulo, porta vós da classe dominante, noticiou hoje, que a Saúde e a Educação está na mira do governo interino de Michel Temer, as duas áreas perdem, por pelo menos nove anos, a garantia de verbas mínimas vinculadas a uma fatia da receita do governo.
Pela Constituição, a saúde deve receber 15% da receita total da União; a educação, 18% da receita dos impostos (sobre renda, produtos industrializados, operações financeiras e importações), além do salário-educação, uma contribuição cobrada sobre a folha de salários. Todas essas regras ficam suspensas pela proposta.
Há ainda outra grande incógnita, a reforma da Previdência. Sem alteração das normas para a concessão de benefícios e o reajuste do salário mínimo, os gastos com aposentadorias e pensões continuarão crescendo acima da inflação, devido ao envelhecimento dos brasileiros. Nesse cenário, o cumprimento do limite para a despesa total exigirá achatar os salários dos aposentados e pensionistas e espremer outras áreas, como defesa, segurança e infraestrutura, ampliando as distorções do Orçamento federal.
Parece que quanto maior for o fluxo de informações, maior também será a dificuldade de processamento destas informações. Por isso ficamos na torcida pela prisão do Cunha, pela relação de políticos que sairá da mais nova delação premiada e enquanto isso, o governo, a serviço do capital vai impondo sua agenda e destruindo a teia de proteção social criada para proteger os mais fracos e pobres.