Por: RIBAMAR FONSECA
Quando carrega na voz para acusar o governo de corrupção, citando a Petrobrás como exemplo, Aécio finge que desconhece o caso escandaloso de propinas e cartel de trens no metrô paulista durante os governos tucanos de Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin; e se faz de cego e surdo diante das acusações ao seu candidato ao governo mineiro, Pimenta da Veiga, de que teria recebido R$ 300 mil; e ao mensalão tucano, em que o ex-deputado Eduardo Azeredo figura como o principal acusado. Na sua ótica, corrupção só existe no governo do PT, o que, obviamente, retira a credibilidade dos seus discursos.
Nesta terça-feira o senador mineiro foi lançado oficialmente pelo seu partido, em Brasília, como seu candidato à Presidência da República, mas a homologação só acontecerá na convenção nacional marcada para o dia 14 de junho. Na oportunidade, os 27 presidentes dos diretórios regionais do PSDB lançaram a carta intitulada "Um novo tempo para o Brasil. Um novo Brasil para os brasileiros", na qual apontam Aécio como a alternativa para as mudanças no país. No documento, eles dizem: "Queremos o país que merecemos ter, solidário, que não se conforme com a administração diária da pobreza do seu povo, mas busque de forma concreta as condições para a sua superação, que tire das sombras as escolas esquecidas e os hospitais precários e trate com respeito nossos jovens e idosos". Parece que só agora eles querem tudo isso, pois passaram oito anos no poder com FHC e não fizeram nada do que agora desejam.
É surpreendente a sem-cerimônia com que os tucanos falam em democracia, em liberdade, em autonomia dos poderes, em respeito à minoria no Congresso quando requer uma CPI para investigar o governo, como se eles nunca tivessem ocupado o poder. Nada disso foi observado nos oito anos do governo tucano de Fernando Henrique, que sufocou todas as tentativas de instalação de CPIs no Parlamento Nacional. Na época, o povo era mantido à distância dos eventos públicos onde ele comparecia, com medo das vaias, como aconteceu nesta segunda-feira nas comemorações do aniversário da Inconfidência mineira, onde o senador Aécio Neves esteve presente. Se eleito, o que parece difícil, vamos reviver o governo FHC, inclusive com a privatização da Petrobrás. E não é isso o que os brasileiros querem. Ou seja, os brasileiros não querem o mesmo que os tucanos, conforme disseram na carta divulgada hoje em Brasília. Conclui-se, daí, que o Brasil dos tucanos não é o mesmo Brasil dos brasileiros.