O colunista político Fernando Rodrigues, da Folha de S. Paulo, avalia
que o Partido dos Trabalhadores tem possibilidades reais de conquistar uma
"hegemonia" nas eleições de 2014, levando a presidência da República
e as maiores bancadas da Câmara e do Senado. Leia abaixo:
Hegemonia do PT
BRASÍLIA - Depois da ditadura militar, o PMDB dominou a política no Brasil.
Embalado no Plano Cruzado, emergiu da eleição de 1986 com a maioria dos
governadores e grande vantagem na Câmara e no Senado. Passado esse momento artificial,
nunca mais um partido teve, ao mesmo tempo, o Palácio do Planalto e as
presidências das duas Casas do Congresso.
O PSDB quase
chegou lá com o Plano Real. Os tucanos elegeram 99 deputados em 1998. Mas, de
lá para cá, foram ladeira abaixo. Hoje, na Câmara, ocupam meras 43 cadeiras.
O PT cresceu sem
parar até 2002. O escândalo do mensalão representou um solavanco em 2006. A
retomada se deu em 2010. A maior bancada da Câmara agora é a dos petistas, com
87 cadeiras --bem à frente do segundo colocado, o PMDB, que tem 75
representantes.
Ninguém dentro
da Câmara, governista ou de oposição, duvida que o PT se preparou para voltar
no ano que vem com uma bancada próxima a 100 deputados. Ou maior. Essa
dianteira conduzirá um petista a presidir a Casa.
No Senado, o
PMDB tem 20 cadeiras. O PT vem em seguida, com 13. Ocorre que sete
peemedebistas precisam renovar seus mandatos em outubro, contra apenas três
petistas. Não é um despautério imaginar o PT em 2015 com uma bancada de
senadores quase igual ou até maior que a do PMDB --sobretudo se Dilma Rousseff
for reeleita e alavancar as candidaturas de colegas pelo país.
Tudo
considerado, o PT tem condições objetivas de ficar no ano que vem com a
Presidência da República além das maiores bancadas individuais e os comandos da
Câmara e do Senado. É essa eventual hegemonia que apavora a parte rebelada da
base dilmista no Congresso. No momento, quando ainda não é majoritário, o PT
trata aliados a pontapés. Os políticos ficam imaginando (e tremendo) ao pensar
como será num cenário de poder institucional absoluto.