Sugeriu, assim meio indiretamente, que Ricardo Teixeira está há tempo demais no comando da CBF. Para o presidente da República, a entidade deveria trocar de chefe a cada oito anos.
"Eu não posso falar da CBF porque é uma entidade particular e eu não posso votar, não posso dar palpite. Eu acho que, se a CBF adotasse o que eu adotei quando era presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, a cada oito anos a gente trocava a direção da CBF. No sindicato, a gente trocava", disse.
A declaração tem peso, não só porque seu autor é quem é, mas também porque Lula, para seu imenso crédito, abriu mão de tentar uma terceira eleição que, convenhamos, seria um passeio. Ou seja, ele tem moral.
Teixeira está há 21 anos no poder.
Nesse aspecto, é um verdadeiro “africano”.
Comporta-se como um dos líderes eternos de nações desse continente, que não sabem abrir mão do poder. Recusam-se a formar um sucessor e a criar condições minimamente saudáveis para uma possível alternância de ocupante da cadeira presidencial, uma das condições para a verdadeira democracia.
Se a CBF fosse um país africano, Teixeira, estaria em décimo lugar entre os dinossauros do continente, atrás apenas de:
1-) Muammar Gaddafi, da Líbia, desde 1969
2-) Teodoro Obiang, de Guiné Equatorial, desde agosto de 1979
3-) José Eduardo dos Santos, de Angola, desde setembro de 1979
4-) Robert Mugabe, do Zimbábue, desde 1980
5-) Hosni Mubarak, do Egito, desde 1981
6-) Paul Biya, de Camarões, desde 1982
7-) Yoweri Museveni, de Uganda, desde janeiro de 1986
8-) Rei Mswati 3º, da Suazilândia, desde abril de 1986
9-) Blaise Compaore, de Burkina Fasso, desde 1987
10-) Ricardo Teixeira 1989
Todos ditadores, diga-se de passagem.
Sua gestão na CBF é mais duradoura que a dos líderes dos outros 44 países africanos. Por alguns meses, Teixeira, que tomou posse em janeiro de 1989, bate inclusive um dos mais notórios dinossauros africanos, o ditador do Sudão, Omar al-Bashir, que assumiu em junho de 1989. Também está há mais tempo no poder do que dois reis, os do Lesoto e de Marrocos.
Nosso presidente da CBF já disse mais de uma vez que pretende se inspirar na África, que até agora faz uma Copa muito bem-sucedida, para o evento do Brasil, daqui a quatro anos. Pelo visto, o continente já é uma grande inspiração para ele.
E a culpa de perder a copa é do Dunga. Por que a GLOBO não pede a saída de Ricardo Teixeira, ela não é contra a ditatura?