Desgaste inútil
O senador Expedito Júnior (PSDB-RO) teve uma curta e obscura passagem pelo Senado. Em pouco menos de três anos, Expedito foi filiado a três partidos políticos (PPS, PR e PSDB) e conseguiu aprovar apenas um projeto de relativo destaque – o que regulamenta a profissão de mototaxista. Sua maior ocupação como parlamentar foi se defender em um processo por compra de votos na eleição de 2006.
Condenado em junho pelo Tribunal Superior Eleitoral a perder o mandato, Expedito usava recursos judiciais para adiar sua saída. Na semana passada, sua luta quase virou uma crise institucional. O Senado tentou afrontar uma ordem do Supremo Tribunal Federal para tirar Expedito definitivamente.
A resistência durou dois dias. Depois de receber recados de ministros do Supremo e ser ameaçado com uma ação pela Procuradoria-Geral da República, o Senado voltou atrás.A Mesa Diretora do Senado havia decidido acatar um recurso de Expedito para se defender na Comissão de Constituição e Justiça antes de cumprir a decisão do Supremo.
Era mais uma tentativa de adiar uma solução, pois os advogados poderiam questionar qualquer detalhe da sessão e ganhar mais tempo. Mas, diante da péssima repercussão da manobra, Expedito foi convencido pelo líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), a voltar atrás.
“Eu não imaginei que, ao lutar por meu mandato, ia criar uma afronta ao STF”, afirma Expedito. “Por isso decidi retirar o recurso.” O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), empossou o substituto de Expedito, Acir Gurgacz (PDT-RO), e foi ao presidente do Supremo, Gilmar Mendes, comunicar o ato.