Faço aqui um manifesto ecológico em favor das sacolas de plástico. E não estou louco – a não ser de ira contra os aproveitadores!!!
Um equívoco está se alastrando: a necessidade de por fim às sacolas plásticas, no comércio. Isso é engodo em nome do lucro. Reafirmo, logo nas primeiras linhas: essa onda das empresas comerciais entrarem na onda do ecologicamente correto não está sendo feita em nome da ecologia, mas em nome do lucro; a onda é de busca pelo lucro e não pela preservação ambiental. Eles querem diminuir despesas e aumentar os lucros, às custas dos consumidores. Cuidado!
Outra vez: Cuidado! Não caia nesse engodo, em nome da ecologia! Pois essa onda não é ecológica, mas um golpe a mais em nome do capital.
Pense comigo!!!
Outra vez: Cuidado! Não caia nesse engodo, em nome da ecologia! Pois essa onda não é ecológica, mas um golpe a mais em nome do capital.
Pense comigo!!!
Há muito tempo os comerciantes vendem produtos e se vêem na obrigação de fornecer a embalagem. Houve tempos em que se embrulhava tudo num grosseiro papel de bobina que o comerciante tinha que comprar para embrulhar a mercadoria – e, por vezes embrulhar o cliente! Depois teve um esperto que difundiu o uso do jornal, como papel de embrulho – provavelmente mais barato que aquelas pesadas bobinas de papel que enfeavam os balcões dos antigos armazéns – precursores do supermercado. Nesse contexto ainda se usavam caixas de papelão – aquelas em que vinham as mercadorias – para embalar as compras.
Mas teve um sujeito pragmático que, em nome da reciclagem dos dejetos do petróleo, inventou o plástico: recriou o mundo! E ganhou muito dinheiro com isso. E tem gente que continua ganhando, não só com o plástico vindo do petróleo, mas com materiais reciclados de materiais recicláveis, como o plástico. E foi nesse meio – a reciclagem – que um cara, muito esperto, inventou as sacolas de plástico, com o plástico já existente. Também ganhou muito dinheiro e diminuiu a derrubada de árvores para fazer papelão e papel de embrulho.
A utilização do jornal não conta como consumo de árvores para produzir papel de embrulho, uma vez que sua utilização já é reciclagem, pois o cara, depois de ler o jornal, tende a atira-lo no lixo; assim, usando o jornal como papel de embrulho, diminui bastante o consumo de papelão e papel de embrulho fabricado para embrulho, pois o embrulho é embrulhado com jornal que não havia sido feito para embrulho.
Mas aí veio a sacolinha de mercado. A maravilha da reciclagem dos dejetos transformando montões de plástico, que iria emporcalhar o mundo, em sacolinhas de mercado – de plástico. Foi mais uma sobrevida para aquilo que emporcalharia o mundo, sendo reaproveitado como material de embrulho: as sacolinhas de plástico. Não exatamente de embrulho, pois no mercado, o empacotador vai “tafuiando” tudo na sacolinha. E a gente passou a levar aquele monte de mercadoria, não mais embrulhada, agora empacotada, ensacolada.
A sacolinha salvou muitas árvores. Portanto não é justo fazer essa campanha de difamação contra ela, dizendo que está pesteando todo canto. Não é a sacola que suja o mundo, somos nós, os humanos que emporcalhamos tudo!
É claro que o ser humano, como sinal de progresso, criou o plástico – e muito lixo. Para resolver o problema do lixo, a inteligência humana, além do lixão – onde, carinhosamente,é guardado o lixo nosso de todo dia – criou meios de transportar o lixo até os lixões. E é justamente nos mercados que a inteligência humana passou a vender – novamente em nome do lucro – sacos de plástico para ensacar lixo. Repetindo: sacos de plástico para ensacar lixo.
Essa prática estava encarecendo as compras que as donas de casa faziam nos mercados que vendiam os sacos de lixo – plástico. E a inteligência humana, desta vez a inteligência humana presente na criatividade da dona de casa, descobriu um meio de baratear as compras: em vez de continuar comprando saco de plástico para ensacar lixo; em vez de continuar amontoando sacolinhas de plástico, nos cantos da casa; em vez de encarecer suas compras, comprando saco de plástico, as donas de casa transformaram a sacola de mercado em saco de lixo (já que a compra vinha ensacada na sacola). Estava inventada uma nova forma de reciclagem: as sacolas que só iam para o lixo, passaram a ser descartadas contendo lixo, sem necessidade de comprar saco de lixo. A sacola de mercado, substituta do papel que dependia de árvores, foi reciclada pelas donas de casa: virou saco de lixo.
E isso diminuiu as vendas de sacos de plástico. Isso diminuiu o lucro, pois vendia menos sacos; e encareceu a embalagem que o comerciante fornece ao cliente. Esse é a verdadeira situação que está levando os donos de mercado a se engajar freneticamente – com o bolso dos clientes – na cruzada contra as sacolinhas de mercado.
Outra vez: malefício do emporcalhamento do mundo não está acontecendo por causa das sacolinhas, mas porque as pessoas não aprenderam a cuidar do mundo.
E não nos esqueçamos que deixar de usar as sacolinhas não diminuirá as embalagens de plástico, sendo usadas como meio de empacotar o lixo; não havendo mais saclinhas de mercado – de plástico – as donas de casa comprarão mais sacos – de plástico – para embalar o lixo. O os lixões, que hoje são esbranquiçados pelas sacolinhas de mercado, ficarão mais escuros por causa dos sacos de lixo – de plástico – pois aumentarão em volume, substituindo as sacolas.
E, mais uma vez, seremos massa de manobra, pagando a conta. Consumidores dando lucro até na compra da embalagem que o comerciante tem que oferecer para levarmos as mercadorias que acabamos de comprar. Mais uma palhaçada em nome do lucro. E tem gente embarcando nessa!
Espírito ecológico não é trocar de um produto poluente por outro, apenas para dar lucro para alguém. Como diria Jesus, cuidado com os espertalhões que, em nome da ecologia, enganam o povo!!!
Neri de Paula Carneiro – Mestre em Educação, Filósofo, Teólogo, Historiador.
http://www.webartigos.com/authors/1189/Neri-de-Paula-Carneiro