Lider do PMDB na Câmara só espera a foto com Dilma e o PT no Palácio. E aposta em Michel Temer como vice
Líder do PMDB na Câmara, o deputado Henrique Eduardo Alves (RN) reuniu anteontem em seu apartamento, em Brasília, toda a cúpula nacional do PMDB. Tema: como apressar a formalização da aliança com o PT em torno da candidatura da ministra Dilma Rousseff a presidente da República. Hoje a imprensa noticia a reunião como uma espécie de crise. Uma cobrança do PMDB ao governo.
Mas a leitura devia ser exatamente o contrário, segundo o o anfitrião do encontro. Em entrevista ao IG Henrique Eduardo Alves dá o acordo com o PT como praticamente fechado e fala do presidente da Câmara, Michel Temer, como se já fosse o vice da chapa:
O PMDB vai cobrar do presidente o fechamento do acordo?
O PMDB vai cobrar do presidente o fechamento do acordo?
– Cobrar? Nada disso. Vamos marcar uma reunião que já estava previamente combinada com o próprio presidente, na qual deveremos apenas explicitar a aliança que já existe. Mas a verdade é que há forças dentro do PMDB contra essa aliança.
– É exatamente isto. Tem gente no PMDB , uma minoria, que faz oposição ao governo e não quer o acordo. Por eles, fica tudo solto, para que possam, em seus estados, apoiar o candidato José Serra, do PSDB. É o caso do Jarbas Vasconcelos (PE), por exemplo, do Mão Santa (PI), do Pedro Simon (RS). Mas a reunião mostrou que há uma maioria unificada no partido, em torno do comando da legenda, que já tem todas as condições de levar o PMDB a apoiar formalmente a ministra Dilma. Até porque já levou o partido a apoiar o governo do presidente Lula.
Nós não estamos no governo, nós somos governo e vamos apressar a formalização do apoio à candidata do governo até para inibir o avanço dos possíveis aliados dos tucanos dentro do partido. O senhor tem exemplos de possíveis tucanos que podem ser inibidos.
– Ora, no meu estado, por exemplo, tem o senador Garibaldi Alves Filho, meu primo e candidato a governador. Ele me disse que gostaria de fechar uma aliança com o DEM, do senador José Agripino Maia (RN). Eu expliquei: “Garibaldi, isso seria um constrangimento muito grande pra mim. Imagina, eu, como um dos principais articuladores da aliança, ter, no meu estado, o PMDB, com você à frente, fechando com a oposição.” E ele aceitou. Teremos apenas de fazer uns ajustes locais. Veja o caso do governador Luiz Henrique, de Santa Catarina, que ligou pedindo para não fecharmos agora a aliança. Ele é um homem de partido, com 40 anos de PMDB. Agora imagina se o deputado Michel Temer, presidente da Câmara e licenciado do comando da legenda, sendo o candidato a vice da ministra Dilma.
Como é que o Luiz Henrique irá fazer oposição ao Michel? Ou o caso do deputado Eliseu Padilha (RS), que tem enorme afeição pelo Serra e pelo PSDB. É claro que ele gostaria que o partido fechasse com os tucanos. Até trabalha para isso. Mas ele é politicamente muito, muito ligado a nós. Se a aliança nacional se concretizar, e o Michel for candidato a vice-presidente, não consigo ver o Padilha fazendo-lhe oposição.
O ex-governador Orestes Quércia está aí, pedindo publicamente para o PMDB romper com Lula e Dilma. Mas, se formalizarmos a aliança com o PT, como é que o Quércia fará? Vai ficar muito mal ele fazendo campanha contra a candidatura de um peemedebista de São Paulo, como o Temer, a vice-presidente da República. Enfim, esse nosso movimento serve como um paredão contra o oposicionismo, não como uma cobrança. O senhor fala do Michel como se já fosse o vice.
– Olha, é claro que não se vai definir esse nome agora. Se o governador Aécio Neves for o candidato pelo PSDB, por exemplo, pode ser necessário um nome de Minas em contraponto, como o do ministro Helio Costa. Há outros também. Enfim, essas coisas, em geral, ficam para o final. Mas digamos que o Temer é hoje o nome natural.
– Olha, é claro que não se vai definir esse nome agora. Se o governador Aécio Neves for o candidato pelo PSDB, por exemplo, pode ser necessário um nome de Minas em contraponto, como o do ministro Helio Costa. Há outros também. Enfim, essas coisas, em geral, ficam para o final. Mas digamos que o Temer é hoje o nome natural.
E que a cúpula do partido está unificada. Na reunião que tivemos, por exemplo, estavam presentes os senadores Renan Calheiros e José Sarney, comungando das propostas dos deputados. Já não há mais no partido a separação em grupos do Senado e da Câmara, como no passado. E o presidente Lula contribuiu para isso, quando deu uma demonstração muito grande de solidariedade ao PMDB do Senado, assim como, no vôo para Copenhagen, teve uma conversa muito boa com o Michel Temer. Serviu até de motivação para esta reunião na minha casa. Agora marcaremos o encontro formal do PMDB com o PT e o presidente. Vamos dar uma sinalização forte de que a aliança já está fechada. Eu diria que definitiva.
Ou seja, o encontro com Lula, daqui a duas semanas, será apenas para a foto.
– Eu não diria que é apenas para a foto. Mas é claro que a foto tem um simbolismo muito grande. O PMDB, o Michel, o PT, a ministra Dilma, todos nós juntos ali… Em política, estes gestos têm muito simbolismo.
Autor: talesfaria - Categoria(s): Sem categoria
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